• Revista Continente #249

Revista Continente #249

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Sinopse

Pensar e viver Paulo Freire

“A contradição dos opressores, que os faz também desumanizados, não instaura uma outra vocação – a do ser menos. Como distorção do ser mais, o ser menos leva os oprimidos, cedo ou tarde, a lutar contra quem os fez menos. E esta luta somente tem sentido quando os oprimidos, ao buscarem  recuperar sua humanidade, que é uma forma de criá-la, não se sentem idealisticamente opressores, nem se tornam, de fato, opressores dos opressores, mas restauradores da humanidade em ambos.”

Essa ideia, um pequeno trecho da obra gigante do filósofo e educador Paulo Freire, retirada do livro Pedagogia do oprimido, já nos traz o vislumbre de sua potência humana e revolucionária. Somente essas linhas nos despertam, nos convocam e inquietam. Somente elas já nos indicam os motivos por que sua obra ganhou o alcance mundial, influenciando gerações de acadêmicos, educadores e atores sociais. Somente essas palavras revelam o ódio que suas ideias provocam nos opressores, sejam eles regimes totalitários ou mentalidades autoritárias, que temem a liberdade. Fica muito claro porque Paulo Freire vêm sendo hostilizado pelo poder instituído hoje no Brasil.

Nesta edição, no mês em que o educador nasceu, há 100 anos, no dia 19 de setembro de 1921, recontamos a sua trajetória, numa reportagem de Débora Nascimento e ilustrações de Shiko. Nela, forjamos uma biografia de Paulo Freire, trazendo neste percurso sua história, seus ideais e práticas a favor da alfabetização e da educação como ferramenta de consciência de si e libertação. Isso, vivido nos contextos de crises sociais e políticas pelas quais o Brasil vem passando, particularmente no período em que ele esteve em atividade. O chamado Método Paulo Freire de Alfabetização mostrou ser possível oferecer a todos esta ferramenta fundamental de entendimento do mundo em que vivemos, que é a leitura. Como nos conta uma de suas ex-alunas, hoje com 72 anos, Valdice Santos, que fez parte de sua turma de Angicos e jamais esquece seus professores.

Esta reportagem, assim como várias outras iniciativas no Brasil, pretendem lembrar e ressaltar a importância da pedagogia freiriana, da transformação que ele promoveu no nosso educar. Uma pedagogia que, como indica o título da reportagem, nos ensina a esperançar. Sendo este um verbo que nos remete não ao esperar, mas ao nosso erguimento, à nossa ação. Salve, Paulo Freire! 

Nossa capa: Shiko

Características

  • Edição: Setembro/2021
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