Sinopse

Os 140 de nascimento e 110 da morte de Augusto dos Anjos servem de pretexto para revisitá-lo. A revista Pernambuco dedica-lhe o dossiê de abril. Trazendo à tona comparações, coincidências, curiosidades e afinidades eletivas. Quase um ano depois de haver saído Eu, de Augusto dos Anjos, no Brasil, Maiakóvski estreava como poeta na Rússia com Eu!, livro que foi traduzido ao português por Astier Basílio, que mora há vários anos em Moscou.

Poeta de análise, mas também de síntese, Augusto dos Anjos espelha o seu país. Tendo sido “achado” pelos portugueses, em pleno alvorecer da Renascença, o Brasil se torna independente política e culturalmente na época do Romantismo. Se o gosto pelas ruínas, decadência e morte reflete a morbidez romântica, recrudescerá com as descobertas científicas da segunda metade do século XIX e início do XX.

É nesse período que nasce, cresce, reproduz e morre Augusto dos Anjos. Poeta romântico e cerebral ao mesmo tempo, como também o foi Edgar Allan Poe – autor, em 1846, de uma filosofia da composição. Augusto é a outra cara dessa moeda, pois construiu em verso uma filosofia da decomposição, ou, no mínimo, irmanou a poesia à História Natural. O corvo de Edgar tem uma correspondência precisa no urubu e no morcego de Augusto.

A Paraíba desenvolve ao longo deste ano uma série de homenagens ao seu filho mais augusto. Como uma edição em braille do Eu, a cargo da Empresa Paraibana de Comunicação, além de um número especial do Correio das Artes.

Nesta edição, a Pernambuco dá início a uma série especial. O escritor João Almino nos conta, em 18 “episódios” da sua experiência e vivência em cidades onde morou, como diplomata. A cada mês, tons, dicções e imagens novas de um dos mais importantes romancistas brasileiros na atualidade. Ele tem no talento para traduzir narrativamente as sutilezas e mistérios das cidades um dos seus pontos altos. Em especial o que já publicou sobre a cidade por excelência que é Brasília. Mais do que tudo: o convívio humano.