
Faca do poema e lâmina da crítica no centenário de João Cabral de Melo Neto
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Poeta pernambucano sempre convidou críticos de grande envergadura e capacidade analítica a visitarem seus textos
O ano de 2020 marca o centenário de um poeta incontornável quando se pensa na história da literatura em língua portuguesa no século 20: o pernambucano João Cabral de Melo Neto (1920-1999). Pela produção poética, por assim dizer, sui generis no contexto brasileiro o percurso do poeta, que vai dos anos 1940 até a década de 1990, sempre convidou críticos de grande envergadura e capacidade analítica a visitarem os seus textos, em busca de ponderar o alcance e o quilate de sua poética dita “antilírica”. É nesses termos que Cabral, um autor de ideias fixas e obsessões, transformou-se, ele mesmo, na obsessão de alguns dos mais importantes críticos literários brasileiros.
Por um lado, esses inéditos valem pelo valor iconográfico evidente na reprodução de imagens com várias dedicatórias importantes, além de reproduções de capas e folhas de rosto de obras de Cabral, algumas delas bastante raras. Por outro, acrescenta à bibliografia crítica sobre o poeta: um ensaio inédito, “Drummond e Cabral: afagos & alfinetes”; uma importante entrevista de Cabral, concedida a Secchin em 1980; e a última palestra do poeta em ambiente universitário, ocorrida na Faculdade de Letras da UFRJ, em 1993. Todos são documentos que certamente acrescentam à composição da figura de Cabral neste seu centenário e não há dúvida de que alimentarão as abordagens que não cessam de se realizar acerca da obra do pernambucano.
Tensões na estrutura
Estudos e interrogações
Como no caso das grandes obras literárias, que fazem mais quando não nos oferecem respostas e sim perguntas sobre o mundo, as grandes empreitadas de crítica devem seu valor de vigência à quantidade de questões espinhosas que estimulam, seja relativamente às obras lidas seja relativamente ao contexto social e literário em relação ao qual se situam. Sem dúvida é esse o caso desta bela reunião de textos de Antonio Carlos Secchin, que soube espelhar suas obsessões críticas nas ideias fixas mais intensivas e inquietantes da obra de João Cabral.
Trecho:
A droga
65 anos
“Poucos anos
nos convivemos”
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