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Tido nove vezes como maior percussionista do mundo, Naná Vasconcelos ganha fotobiografia

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Por Letícia Lins

“O Brasil que o Brasil não conhece”. Era assim que se definia Naná Vasconcelos (1944-2016), o homem que fez do berimbau uma extensão do seu corpo e que foi por nove vezes consecutivas considerado o melhor percussionista do mundo. Outra coisa: Talvez as pessoas nem lembrem disso. Mas foi o pernambucano quem idealizou o Tumaraca, a emocionante cerimônia de abertura do carnaval do Recife, que consiste em encontro de 700 batuqueiros, com seus tambores e alfaias. Eles são recolhidos entre treze maracatus de baque virado da cidade.  Homenageado recentemente em São Paulo com a Ocupação Itaú Cultural, Naná acaba de ganhar uma outra merecida reverência. Dessa vez em sua terra natal.

É que às 19h do dia 14 de fevereiro de 2024, o saudoso artista ganha a fotobiografia Do Recife para o Mundo, que será lançada, na Torre Malakoff, que fica no Bairro do Recife, no centro. Considerado como um gênio da música, a memória de Naná será reforçada, durante o lançamento, com shows do percussionista Gilu Amaral, do flautista e diretor musical César Michiles, da cantora Surama Ramos e das batuqueiras do grupo olindense Ìyámassé malé. A edição do livro é uma iniciativa da Cepe Editora, e foi organizada pelo designer e jornalista Augusto Lins Soares. A obra assinala a passagem dos 80 anos de nascimento de Naná, transcorridos em 2 de agosto de 2024.

O livro tem 240 páginas e apresenta a genialidade de Juvenal de Holanda Vasconcelos em mais de 200 fotos de cerca de 50 fotógrafos. Tudo em uma linha do tempo desde Naná criança até o artista consagrado, vencedor de prêmio Grammy e eleito o melhor percussionista do mundo pela revista norte-americana de jazz Downbeat, por nove vezes consecutivas, de 1983 a 1991. As imagens são intercaladas por textos biográficos com relatos de fases da vida de Naná, a partir das cidades onde ele viveu: Recife (a terra natal), Paris, Nova York e Recife de novo. Obras de arte criadas para o livro por 12 artistas com atuação em Pernambuco, num tributo ao músico, encerram a fotobiografia.

“Comecei a pesquisa em junho de 2023 e finalizei em outubro de 2024, minhas fontes são o acervo do artista, os bancos de imagens (públicos e privados) e os acervos dos fotógrafos brasileiros e estrangeiros”, declara Augusto Lins Soares. “Há várias imagens pertencentes a acervos privados que nunca foram publicadas ou são pouco divulgadas, como, por exemplo, Naná na Banda Municipal do Recife (atual Banda Sinfônica do Recife) nos anos 1960 e Naná tocando berimbau no Mercado Modelo, em Salvador (BA), na presença de Jorge Amado, nos anos 1980”, observa.

Na faceta americana, ele aparece tocando berimbau em seu “escritório”, o Washington Square Park, em Nova York, e num momento de folga com o gato de estimação. Da fase europeia, em Paris, Naná é flagrado em hora de lazer, brincando de esconde-esconde numa rua e num café com amigos. No Recife, é fotografado nas inesquecíveis e memoráveis noites de abertura do Carnaval, ao congregar batuqueiros de diversas nações de maracatu. O artista também aparece ao lado de vários parceiros musicais, como os norte-americanos Collin Walcott e Don Cherry (integrantes da banda Codona, com Naná), os brasileiros Egberto Gismonti, Geraldo Azevedo e Gal Costa, e o argentino Agustín Pereyra Lucena; e também em momentos com as filhas.

Já Augusto Lins Soares tem vasta experiência na área de fotobiografias. Pela mesma Cepe, ele já lançou O Santo Revelado – Fotobiografia Dom Helder Camara (2019) e Sonia em Fotobiografia (2022). Nos textos do livro, ele destaca informações pouco conhecidas do público, como a participação do artista no curta-metragem Berimbau, de Toby Talbot (New Yorker Films, 1971), e a produção do disco Amazonas (Philips, 1973), feita pelo cantor e compositor Raimundo Fagner. A história de Naná no documentário de Toby Talbot é narrada pelo professor de Etnomusicologia na Tulane University, Daniel B. Sharp, no artigo “Pop Star em Nova York”.

O curta, segundo ele, “mostra como Naná transformou o berimbau, expandindo o seu papel tradicional de acompanhamento da capoeira e tornando-o um instrumento solista virtuoso por si só”. Para Patrícia Vasconcelos, viúva de Naná e mãe da filha caçula do músico, a fotobiografia é destinada a fãs, estudiosos e pessoas que não conhecem a obra do percussionista. “Achei a ideia fantástica por servir como uma ferramenta de pesquisa sobre a trajetória artística de Naná e necessária para deixar essa história acessível ao público interessado em saber mais sobre esse percurso musical que foi construído com tanto amor à música e muita genialidade”. Patrícia é curadora do legado do artista.  Ela e a filha, Luz Morena, vieram dos Estados Unidos, onde moram, especialmente para o lançamento do livro, que tem patrocínio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).

Serviço
O que: Lançamento da Fotobiografia Naná – Do Recife para o Mundo, com apresentaçõedo percussionista Gilú Amaral, do flautista e diretor musical César Michiles, da cantora Surama Ramos e das batuqueiras do grupo olindense Ìyámassé málé.
Quando: 14 de fevereiro (sexta-feira)
Hora: 19h
Onde: Torre Malakoff (Praça do Arsenal, s/n, Bairro do Recife, no Centro)
Preço: R$ 100 (impresso)
*Entrada gratuita

Fonte: Blog #OxeRecife (05/02/2025)

Foto: Naná Vasconcelos por Mônica Vendramini