Do Recife para o Mundo: uma fotobiografia para celebrar Naná Vasconcelos
Compartilhe esse post
O percussionista Gilú Amaral, o flautista e diretor musical César Michiles, a cantora Sumara Ramos e as batuqueiras do grupo olindense Ìyámassé málé farão apresentações durante o lançamento do livro
Naná Vasconcelos, o homem que fez do berimbau uma extensão do seu corpo, costumava se definir como “o Brasil que o Brasil não conhece.” Percussionista pernambucano de fama internacional, ele morreu em 9 de março de 2016 e era considerado um gênio da música. A notável trajetória do artista está pronta para ser descoberta pelos brasileiros na Fotobiografia Naná - Do Recife para o Mundo, organizada pelo designer e jornalista Augusto Lins Soares, que a Cepe Editora lança sexta-feira (14/02), às 19h, na Torre Malakoff, localizada no Bairro do Recife, no Centro, com apresentações musicais. É uma homenagem aos seus 80 anos de nascimento, transcorridos em 2 de agosto de 2024.
O livro tem 240 páginas e apresenta Juvenal de Holanda Vasconcelos em mais de 200 fotos de 50 fotógrafos, aproximadamente, numa linha do tempo desde Naná criança até o artista consagrado, vencedor de prêmio Grammy e eleito o melhor percussionista do mundo pela revista norte-americana de jazz Downbeat, por nove vezes consecutivas, de 1983 a 1991. As imagens são intercaladas por textos biográficos com relatos de fases da vida de Naná, a partir das cidades onde ele viveu: Recife (a terra natal), Paris, Nova York e Recife de novo. Obras de arte criadas para o livro por 12 artistas com atuação em Pernambuco, num tributo ao músico, encerram a fotobiografia.
“Comecei a pesquisa em junho de 2023 e finalizei em outubro de 2024, minhas fontes são o acervo do artista, os bancos de imagens (públicos e privados) e os acervos dos fotógrafos brasileiros e estrangeiros”, declara Augusto Lins Soares. “Há várias imagens pertencentes a acervos privados que nunca foram publicadas ou são pouco divulgadas, como, por exemplo, Naná na Banda Municipal do Recife (atual Banda Sinfônica do Recife) nos anos 1960 e Naná tocando berimbau no Mercado Modelo, em Salvador (BA), na presença de Jorge Amado, nos anos 1980”, observa.
Na faceta americana, ele aparece tocando berimbau em seu “escritório”, o Washington Square Park, em Nova York, e num momento de folga com o gato de estimação. Da fase europeia, em Paris, Naná é flagrado em hora de lazer, brincando de esconde-esconde numa rua e num café com amigos. No Recife, é fotografado nas inesquecíveis e memoráveis noites de abertura do Carnaval, ao congregar batuqueiros de diversas nações de maracatu. O artista aparece ao lado de vários parceiros musicais, mostrando sua diversidade, como os norte-americanos Collin Walcott e Don Cherry (integrantes da banda Codona, com Naná), os brasileiros Egberto Gismonti, Geraldo Azevedo e Gal Costa, e o argentino Agustín Pereyra Lucena; e também em momentos com as filhas.
“Busco selecionar as imagens mais icônicas, impactantes, artísticas, reveladoras, históricas, inéditas, jornalísticas e sedutoras. Ou seja, imagens que contam ao leitor fatos importantes da vida da pessoa fotobiografada”, afirma Augusto Lins Soares, que lançou pela Cepe O Santo Revelado - Fotobiografia Dom Helder Camara, em 2019, e Sonia em Fotobiografia, dedicada à atriz Sonia Braga, em 2022. Nos textos do livro, ele destaca informações pouco conhecidas do público, como a participação do artista no curta-metragem Berimbau, de Toby Talbot (New Yorker Films, 1971), e a produção do disco Amazonas (Philips, 1973), feita pelo cantor e compositor Raimundo Fagner.
A história de Naná no documentário de Toby Talbot é narrada pelo professor de Etnomusicologia na Tulane University, Daniel B. Sharp, no artigo “Pop Star em Nova York”. O curta, segundo ele, “mostra como Naná transformou o berimbau, expandindo o seu papel tradicional de acompanhamento da capoeira e tornando-o um instrumento solista virtuoso por si só. As imagens de um jovem Naná tocando no filme nos deixam vislumbrar sua considerável habilidade com o berimbau, mesmo no início de sua carreira”, registra Daniel B. Sharp. A produção do disco Amazonas, o segundo álbum autoral de Naná, é detalhada pelo jornalista Renato Contente no texto “Avant-Garde em Paris.”
Para Patrícia Vasconcelos, viúva de Naná e mãe da filha caçula do músico, a fotobiografia é destinada a fãs, estudiosos e pessoas que não conhecem a obra do percussionista. “Achei a ideia fantástica por servir como uma ferramenta de pesquisa sobre a trajetória artística de Naná e necessária para deixar essa história acessível ao público interessado em saber mais sobre esse percurso musical que foi construído com tanto amor à música e muita genialidade. O resultado desse trabalho dará embasamento a outras ações que visem manter a memória e o legado de Naná vivos”, destaca Patrícia, que é curadora do legado do artista. “Presenciei e compartilhei momentos marcantes, como quando ele ganhou o Grammy Latino pelo álbum Sinfonia & batuques”, relata em texto no livro. Ela e a filha, Luz Morena, vieram dos Estados Unidos, onde moram, especialmente para o lançamento do livro.
A dimensão humana e artística de Naná é revelada nas fotos de Deborah Feingold (capa e contra-capa), Lizzie Bravo, Luiz Fernando, Franklin Corrêa, acervo Naná Vasconcelos, acervo Sérgio Kyrillos, acervo Edy Star, Guy le Querrec, Claude Barouh/Acervo Merrie Robin Monroe e outros fotógrafos; nos textos de Augusto Lins Soares (apresentação), dos jornalistas Michelle de Assumpção, Renato Contente e José Teles, do professor Daniel B. Sharp, de Patrícia Vasconcelos e do cantor Milton Nascimento (depoimento publicado pelo Facebook no dia da morte de Naná) e nas obras de arte de Amanda de Souza, Derlon, Heloísa Marques, Jade Matos, Marcelo Silveira, entre outros. O livro tem patrocínio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).
Serviço
O que: Lançamento da Fotobiografia Naná - Do Recife para o Mundo, com apresentações do percussionista Gilú Amaral, do flautista e diretor musical César Michiles, da cantora Sumara Ramos e das batuqueiras do grupo olindense Ìyámassé málé.
Quando: 14 de fevereiro (sexta-feira)
Hora: 19h
Onde: Torre Malakoff (Praça do Arsenal, s/n, Bairro do Recife, no Centro)
Preço: R$ 100 (impresso)
*Entrada gratuita
Categorias